Audiência pública discute uso da Praça Paris para ensaios de blocos, que divulgam carta-manifesto; leia
Me Enterra na Quarta fez ensaios para o arraiá na Praça Paris, na Glória André Rola/Divulgação Os ensaios de blocos de rua na Praça Paris foram tema de u...

Me Enterra na Quarta fez ensaios para o arraiá na Praça Paris, na Glória André Rola/Divulgação Os ensaios de blocos de rua na Praça Paris foram tema de uma audiência pública da Comissão Especial do Carnaval, no Plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, na Cinelândia, na manhã desta terça-feira (2). O debate aconteceu 10 dias depois que a Subprefeitura do Centro publicou e, logo depois, apagou que a praça passaria a fechar às 17h e que bandas de carnaval que ensaiam no local seriam direcionadas ao Passeio Público. O subprefeito, Alberto Szafran, disse ao g1 que a situação foi um mal-entendido e que a publicação foi feita por funcionários do órgão que interpretaram mal suas orientações. O encontro desta terça, presidido pela vereadora Monica Benício (PSOL), contou com a presença de moradores, representantes dos blocos e da Guarda Municipal. Nenhum representante da subprefeitura participou da conversa. Szafran disse ao g1 que o convite foi feito na tarde do dia anterior e ele já tinha compromissos que não pôde desmarcar. A subprefeitura, disse, em nota, que propôs a transferência dos ensaios para o Passeio Público, onde garantirá a necessária infraestrutura para a realização do evento, como iluminação e segurança. A ideia é incentivar a ocupação do parque, num projeto de revitalização urbana na região, e contemplar a vontade de moradores que reclamam do barulho. Depois do debate, 19 blocos assinaram uma carta defendendo a ocupação livre da praça, até as 22h, e criticando a falta de diálogo por parte da prefeitura. "Há mais de dez anos, a ocupação artística da praça transformou um local ermo e inseguro em espaço vivo, iluminado pela presença de pessoas, ritmos e encontros. O que hoje é celebrado como símbolo de convivência democrática, já foi território do medo e do abandono", diz o documento (leia a íntegra abaixo). 📱Baixe o app do g1 para ver notícias do RJ em tempo real e de graça "CARTA-MANIFESTO PELA PRAÇA PARIS VIVA Nós, coletivos culturais, blocos de carnaval e cidadãos que reconhecem a importância da arte como prática pública e comunitária, manifestamos nossa profunda preocupação e indignação com a suposta decisão da Prefeitura do Rio de Janeiro (Subprefeitura Centro) de proibir ensaios e atividades culturais na Praça Paris. A medida, anunciada sem consulta prévia às comunidades diretamente envolvidas, ignora a história recente do espaço e o papel que os coletivos desempenharam na sua revitalização. Há mais de dez anos, a ocupação artística da praça transformou um local ermo e inseguro em espaço vivo, iluminado pela presença de pessoas, ritmos e encontros. O que hoje é celebrado como símbolo de convivência democrática, já foi território do medo e do abandono. Nossas compreensões e críticas: O direito à cidade é inegociável: O carnaval e as artes de rua fazem parte da identidade cultural do Rio de Janeiro e não podem ser tratados como perturbação, mas como patrimônio vivo. Falta diálogo: A decisão da Prefeitura foi arbitrária, sem escuta às populações usuárias do espaço: artistas, frequentadores, moradores e visitantes. Gentrificação e exclusão: Ao transferir os coletivos para áreas inseguras e sem infraestrutura, a medida esvazia a vida cultural da Glória e antecipa processos de elitização do território, afastando a população trabalhadora e popular. Insegurança do Passeio Público: A proposta de deslocamento ignora a falta de iluminação, de segurança e de condições adequadas no Passeio Público. Nossas propostas: Garantia de permanência na Praça Paris, com respeito ao limite de som até 22h e a definição de regras claras e pactuadas de uso. Estrutura mínima para atividades culturais, incluindo iluminação, banheiros, bebedouros e presença efetiva da Guarda Municipal para segurança de todos. Uso inteligente do espaço: A Praça Paris é ampla, a ponta voltada para a Lapa, mais afastada das residências, pode receber ensaios maiores se for devidamente iluminada e equipada. Revitalização do Passeio Público em parceria com coletivos culturais: Somos a favor de construir coletivamente novas áreas de convivência, desde que haja diálogo, infraestrutura e segurança — não como imposição ou expulsão. Criação de um fórum permanente de diálogo entre Prefeitura, moradores, coletivos e especialistas, garantindo participação popular nas decisões sobre o uso dos espaços públicos. Nossa perspectiva: A arte de rua é motor de vida urbana, segurança e pertencimento. É por meio dela que milhares de pessoas encontram sentido de comunidade, lazer e expressão cultural. Impedir os ensaios na Praça Paris não resolve o problema do barulho, apenas esvazia e criminaliza. Seguiremos firmes na defesa da cultura popular como direito coletivo, na luta por cidades mais democráticas e no compromisso de ocupar nossos espaços de forma criativa, responsável e solidária. Praça Paris viva, cultural e popular. Carnaval é resistência, é direito à cidade! Assinam: A Banda Alto Astral A Nova Bad Banheira do Gugu Besame Mucho Bloco das Tubas Bloco do Zeca Bloco Planta na Mente Blonk Cordão do Me Enterra na Quarta Canários do Reino Fanfarra Maldita Labirintos Públicos Marimbondo Não Respeita Mistério Há de Pintar Por Aí Mixtape Não Monogamia Gostoso Demais Nova Bad Os Siderais Oficina da Rua Sambrass Sinfônica Ambulante Skabloco Summer Eletro Bloco Tumcurá Projeto Girô Vem Cá Minha Flor"